A boa notícia finalmente chegou. A Anvisa autorizou no dia 16 de dezembro de 2021 o uso da vacina Pfizer para o público infantil e agora a vacinação está iniciando. Porém, alguns pais ainda têm dúvidas em relação à segurança e eficácia da vacinação para as crianças. Vou tentar aqui responder brevemente algumas questões sobre esse assunto, baseada nas evidências científicas que temos até o momento.
As crianças podem desenvolver casos graves da covid-19? A covid-19 pode causar a morte de crianças?
- No Brasil, até o início de dezembro de 2021, entre as hospitalizações por COVID-19, cerca de 34 mil de crianças e adolescentes menores de 19 anos de idade. O que mais chama a atenção é que houve a confirmação de mais de 2.500 mortes atribuídas à COVID-19 neste grupo etário. Crianças maiores de cinco anos e adolescentes representaram aproximadamente 50% destas mortes.
- Entre as crianças e adolescentes hospitalizados por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por COVID-19 no Brasil, a taxa de letalidade foi de 7%. É muita coisa, não é?
- A análise das taxas de mortalidade (mortes por milhão) atribuídas à COVID-19, até novembro de 2021, mostra os seguintes valores:
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- 41 mortes por milhão entre crianças e adolescentes no Brasil.
- 11 mortes por milhão nos EUA
- 4,5 mortes por milhão no Reino Unido
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- Entre as mortes causadas por algumas das doenças passíveis de prevenção por vacinas no Brasil (meningite meningocócica, gastroenterite por rotavírus, influenza no ano da pandemia por H1N1, hepatite A, varicela e meningite pneumocócica), nos anos que precederam o início da vacinação contra estas doenças, nenhuma destas doenças provocou tantas mortes como a COVID-19 em menores de 19 anos ao longo de um ano.
- Além da síndrome respiratória aguda grave (SRAG) causada pela COVID-19, foram notificados até o dia 27 de novembro de 2021, 2.435 casos suspeitos da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), outra apresentação clínica potencialmente grave da doença, descrita em crianças e adolescentes. Deste total de casos notificados:
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- 58% foram confirmados, resultando em 85 óbitos
- Entre os sobreviventes foram descritas sequelas cardiovasculares, respiratórias e neurológicas.
- 64% das crianças/adolescentes hospitalizados pela SIM-P no Brasil tinham entre 1 e 9 anos de idade.
- A COVID-19 também pode levar à chamada COVID longa, que é a persistência de sintomas com impacto nos sistemas sensorial, neurológico e cardiorrespiratório, bem como a saúde mental, associados à doença meses após a infecção ter ocorrido. Os resultados dos estudos de seguimento de crianças e adolescentes ainda estão em curso, mas é mais uma das faces da doença que deve ser considerada.
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A vacina da Pfizer é segura para as crianças?
Sim, a vacina tem se mostrado bastante segura. Nos EUA, após a recomendação de vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos, um estudo mostrou efetividade de duas doses da vacina Pfizer-BioNTech contra hospitalização por COVID-19 de 93%:
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- Todos os 77 adolescentes internados em unidades de terapia intensiva, todos os 29 adolescentes que foram considerados como tendo COVID-19 grave, e os dois óbitos registrados, ocorreram entre adolescentes não vacinados.
Outro estudo, que incluiu participantes de cinco a menores de 12 anos de idade, após duas doses da vacina pediátrica da Pfizer, houve demonstração de eficácia de 90,7% para a prevenção da COVID-19.
Quais efeitos colaterais a vacina pode causar nas crianças?
Nos EUA, mais de 7 milhões de doses da vacina pediátrica da Pfizer já foram aplicadas em crianças de 5 a 11 anos. A grande maioria dos eventos adversos forma classificados como não sérios (97%):
- febre
- dor de cabeça
- vômitos
- fadiga
- inapetência.
As chances de efeitos mais sérios em crianças são muito baixas e os perigos da contração da doença podem ser muito piores para os pequenos.
A miocardite deve ser uma preocupação?
A miocardite é uma inflamação do coração e ela é muito mais comum quando contraída pela covid do que pela vacina. A miocardite em casos de síndrome inflamatória também pode ser muito mais grave do que quando causada pelo imunizante. A proporção da miocardite na faixa etária de 5 a 11 anos é mínima, menor do que entre adolescentes.
Nos EUA, houve o relato de apenas oito casos de miocardite entre mais de sete milhões de doses administradas, todos eles classificados como de evolução clínica favorável.
Por que é importante vacinar as crianças contra a covid-19?
- Benefícios individuais para a criança:
- evitar o risco de infecção
- evitar desenvolvimento de casos graves e morte
- Benefícios sociais, com diminuição da transmissão do vírus na sociedade;
- As crianças vão ficar mais seguras, elas são o último grupo não protegido. A variante ômicron já está se espalhando pelo Brasil, e em países como Estados Unidos e Inglaterra, este aumento de casos de covid-19 entre crianças já está ocorrendo, principalmente devido ao afrouxamento das medidas de prevenção. Isso também pode começar a acontecer no Brasil. Não podemos esperar isso acontecer, precisamos vacinar as crianças o quanto antes;
- Retorno às aulas mais tranquilo.
Ainda estão receosos e com medo de vacinar os filhos?
Como pais, busquem respostas na ciência, consultando informações confiáveis e verdadeiras. Estamos vendo muita desinformação sendo repassada. Considero compreensível estar apreensivo com a situação, mas não podemos deixar de tomar uma decisão relevante para a saúde das crianças por causa dessa insegurança. A ciência sempre será nossa maior aliada e conselheira para tomar decisões.
- Vale lembrar que os critérios para introdução de uma vacina num programa de imunizações não se resumem à prevenção das mortes relacionadas à doença contra a qual se deseja uma intervenção. Vacina-se para prevenir hospitalizações, sequelas, uso de antibióticos, visitas aos serviços de saúde, etc. A presença da variante Ômicron, com alta transmissibilidade, torna os indivíduos não vacinados mais vulneráveis ao risco da infecção e suas complicações.
Espero ter esclarecido algumas dúvidas! Contem comigo para mais informações e vacinem seus filhos. Vamos juntos reiniciar nossas vidas com segurança.
fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria
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