Todos nós possuímos memórias da infância que nos fazem sorrir. Seja um cheiro, uma música ou um determinado lugar, existem certos gatilhos que parecem nos transportar diretamente para o passado e que deixam nosso humor automaticamente melhor.

Memórias assim, também conhecidas como memórias afetivas, costumam estar ligadas a personagens importantes de nossas vidas e responsáveis pelos cuidados quando somos crianças, como nossos pais, tios, primos e os protagonistas da maioria das famílias brasileiras: os avós. As lembranças da infância fazem bem para o coração, mas também podem impactar diretamente em nossa saúde durante o resto da vida.

Uma pesquisa* realizada nos Estados Unidos e divulgada na publicação Journal of Epidemiology and Community Health mostrou que pessoas que recebem carinho e tem muito contato físico com a mãe durante os primeiros meses de vida possuem maiores capacidades de lidar com as pressões da vida adulta, além de serem menos ansiosos e hostis com outras pessoas no dia-a-dia. A mesma pesquisa também mostrou que mães consideradas pouco carinhosas criaram filhos mais suscetíveis a sofrer com os impactos de situações estressantes.

O CARINHO NA PRIMEIRA INFÂNCIA

O período de 0 a 6 anos, chamado de primeira infância, é o período onde ocorrem intensas transformações no funcionamento cerebral da criança, que desenvolve todos os dias capacidades cognitivas, motoras e emocionais que influenciarão o resto da vida.

Quanto mais memórias afetivas a criança constrói nesse período, melhores as chances de aprimorar suas capacidades essenciais para o futuro**, se tornando uma adulta mais emocionalmente estável e com o desenvolvimento de uma personalidade mais sociável, que pode facilitar seu convívio em sociedade. Durante boa parte da primeira infância muitas crianças ainda não vão à escola, razão pela qual as principais figuras afetivas que fazem parte da formação das memórias afetivas são familiares.

Entre todos os amigos e parentes que podem constituir figuras de afeto na vida de uma criança, os avós costumam ser os mais presentes. Você já ouviu o ditado que avós são pais com açúcar? Uma parte considerável das melhores memórias da infância são aquelas da “casa de vó”: cheiro de bolo de chocolate, brincar na rua, passar a tarde vendo desenho.

As memórias afetivas são extremamente importantes na infância, mas podem (e devem) continuar sendo construídas mesmo na vida adulta: afinal, não faz mal nenhum tirar um tempo para se divertir junto com a família ou passar uma tarde na casa da vó.

Guardar esses momentos na memória e revivê-los com frequência traz benefícios que vão muito além de um sorriso no rosto: renovação e descanso, ao lado de quem tem carinho pela gente, são capazes de melhorar até mesmo o pior dos dias, aliviar dores e curar qualquer ferida, em qualquer tempo da vida!