Estima-se que, no mundo, aproximadamente dois terços das mães oferecerão chupeta para seus filhos durante o primeiro ano de vida. Além disso, entre as crianças brasileiras, ela tende a permanecer ao longo de toda a primeira infância, colaborando para problemas e desenvolvimento. 

Sabe-se que o uso de chupeta por mais de três anos pode alterar a arcada dentária das crianças, além de aumentar o risco para problemas de saúde como diarreia, vômitos, candidíase e aftas. 

No entanto, o consenso a respeito do uso ou não de chupetas e bicos durante a amamentação é um verdadeiro desafio para os pais e profissionais de saúde. Isso pois existem controvérsias a respeito do tema, não havendo uma recomendação única. 

Segundo alguns estudos observacionais, o uso de chupeta tem sido descrito como um fator de risco para uma menor duração do aleitamento materno, conhecido como desmame precoce. Os argumentos que se mostram contra o uso desses artefatos incluem o fenômeno conhecido como “confusão de bicos”, que seria a dificuldade de o bebê mamar após a exposição a um bico artificial, além de prejuízo na qualidade das funções orais. 

O uso de chupetas pode ser considerado um fator cultural, social e psicológico. Dentre as principais justificativas para a mãe oferecê-la, está o fato dela acalmar o bebê, sem haver finalidade nutritiva. Com isso, seu uso pode colaborar com uma menor frequência de amamentação, menor produção de leite e consequentemente, possível desmame precoce. 

Entretanto, alguns estudos sugerem a hipótese de que a chupeta seria uma consequência e não a causa da menor duração da amamentação, além de relacionarem o hábito com a segurança do sono, uma vez que posiciona a língua do bebê de uma forma que mantém a via aérea livre. 

O que se sabe, de fato, é que as consequências relacionadas ao uso de chupetas e bicos, de uma maneira geral, possuem influência de alguns fatores, como a frequência e intensidade, o papel da chupeta na dinâmica familiar e as situações que levaram à introdução do hábito. 

A decisão final sobre essa prática será sempre dos pais; no entanto, é necessário que haja a abordagem de especialistas para considerar os prós e contras no contexto familiar, além de sanar possíveis dúvidas e acompanhar o desenvolvimento do bebê. Por esse motivo, é importante que haja investimento no diálogo para que sejam considerados os aspectos individuais de cada família, sendo fundamental uma abordagem em equipe com os profissionais de saúde. 

Texto escrito em conjunto com Giovanna Lamussi.

Gostou do nosso tema ? Compartilhe essas informações, outras pessoas também podem precisar.
Abraços,
Dra Mariana Manini – Pediatra
CRM 91662 / RQE 32926

** Você pode também acompanhar as novidades do blog pelo Facebook e Instagram: @dramarianamanini (adicione como favoritos para não perder novos posts).

Referências: 

Departamento Científico do Aleitamento Materno. Uso de chupeta em crianças amamentadas: prós e contras. Sociedade Brasileira de Pediatria. Nº 3, agosto de 2017 

Uso da chupeta pode atrapalhar a amamentação materna e causar outros problemas para o bebê, alerta a Sociedade Brasileira de Pediatria. Disponível em: https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/uso-da-chupeta-pode-atrapalhar-a-amamentacao-materna-e-causar-outros-problemas-para-o-bebe-alerta-a-sociedade-brasileira-de-pediatria/ 

Lamounier JA. O efeito de bicos e chupetas no aleitamento materno. J Pediatr (Rio J). 2003 Jul;79(4):284–6. 

SAMPAIO, RCT; BRITO, MBG; SIEBRA, LGB; GONÇALVES, GKM; FEITOSA, DMA. Associação entre o uso de chupetas e interrupção da amamentação: Uma revisão de literatura. Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 3, n. 4, p. 7353-7372jul./aug. 2020