Possivelmente você já ouviu falar ou conhece alguém que nasceu “amarelinho”. Mas o que é isso? Por que acontece?

Esse evento corresponde ao que chamamos de icterícia neonatal, uma das manifestações mais comuns nos recém-nascidos. Acontece por acúmulo da substância bilirrubina quando ultrapassa os valores considerados normais, dando um aspecto amarelado à pele e mucosas.

A bilirrubina surge a partir da destruição de células vermelhas (hemácias), sendo excretada na bile. O recém-nascido apresenta uma quantidade maior de hemácias na circulação, consequentemente maior produção de bilirrubina.

A depender da porção do corpo comprometido pela coloração amarelada, classificamos em zonas. A zona 1 corresponde à icterícia comprometendo da cabeça ao pescoço, zona 2 da cabeça até o umbigo, e por aí vai! A zona 5 é decorrente de uma concentração de bilirrubina maior que as demais, comprometendo inclusive mãos e pés.

Na grande maioria dos casos a icterícia é considerada normal, sendo chamada de fisiológica. Geralmente começa por volta do segundo dia de vida, é resolvida dentro de uma semana e não costuma ultrapassar a zona 2. No entanto, devemos nos atentar aos nossos “amarelinhos”, pois esse quadro pode indicar algumas questões de saúde!

Além da fisiológica, existem algumas outras causas: temos a icterícia por leite materno, decorrente de uma provável interferência de fatores presentes no leite. Ainda, há a icterícia associada a um baixo aporte de leite, além de algumas doenças genéticas, fatores sanguíneos incompatíveis com os da mãe ou até mesmo doenças do fígado e ductos biliares, podendo inclusive atingir o sistema nervoso.

Os diversos tipos de icterícia podem ser diferenciados pelo tempo de início e duração, o grau de acometimento e por exames solicitados pelo pediatra!

O tratamento é baseado na causa do problema. Em alguns casos, a conduta é apenas observar, em outros, podem ser feitas alterações nos hábitos do aleitamento. Se a bilirrubina atingir níveis preocupantes e não regredir espontaneamente, existem terapias definitivas como a fototerapia (banho de luz) e em casos mais graves, a exsanguinotransfusão (substituição sanguínea).

Por esse motivo é de grande importância o acompanhamento pediátrico adequado, uma vez que o valor da bilirrubina deve ser avaliado em conjunto com as horas de vida do bebê!

Bibliografia:

  • Lopes FA, Campos Jr. D. Tratado de Pediatria. Sociedade Brasileira de Pediatria – Volume 2. 4ª Ed – Editora Manole – 2017.
  • Videira-Amaral JM (MD, PhD) – Coordenador e autor. Tratado de Clínica Pediátrica. 3ª edição. Lisboa: Círculo Médico, 2022 | (ISBN: 978-989-54122-3-5)

Texto escrito pela aluna de medicina da PUC-Campinas, Giovanna Lamussi, e revisado por mim.

Dra. Mariana Manini – CRM 91662 – RQE 32926